domingo, 11 de março de 2012

3月11日

11 de março de 2011, Aichi-ken Kiyosu-shi
Era um dia nublado de sexta-feira, estava na sala de aula do curso da Toyota em uma aula prática de elétrica, fazia dupla com Cristiano Trevisan. As 14:46 sinto uma tontura. Não me recordo quem, gritaram: Terremoto!!! Os próximos 10 segundos foram os mais tensos de toda minha vida. Nossa sala ficava no quarto andar de um dos prédios da escola, o edifício balançava muito.
A Karen me ligou, trabalhava na Sony, disse que apesar de assustada estava bem.

O terremoto assustou todos nós, alguns alunos começaram a ir embora temendo um segundo tremor. Passado o susto, continuei na escola. Após a aula fui com mais quatro amigos a uma loja de ferramentas, durante o caminho um deles ligou a TV pelo celular, só então soubemos a intensidade real do terremoto. A primeira imagem que vi foi de dezenas de carros sendo arrastados com a onda do tsunami em Sendai.
Fiquei muito preocupado, naquele momento pensei em dar meia volta e ir pra casa. Mas estava de carona e chegando a tal loja..
Durante esse tempo a Karen saiu do serviço, quando chegou em casa ligou a TV e viu também a imensa destruição, ela me mandava mensagens, pedindo pra ficar longe do mar e passava informações como: ''Já são 9 mortos e 30 desaparecidos!!'', ''Já são 45 mortos e 100 desaparecidos..''

Cada minuto que passava queria mais ir embora, voltar para casa. Estava arrependido de ter saído após a aula. Preocupei-me muito com meus pais, que estavam no Brasil e que com certeza logo receberiam as primeiras notícias pelos jornais. Decidi ligar pra eles assim que chegasse em casa. Não deu tempo.
Quando me deixaram na escola novamente para pegar minha bicicleta e pedalar até em casa, meu pai me ligou, eram por volta das 19:00.
''Fernando, está tudo bem ai? Liguei o rádio agora de manhã e só se fala do terremoto'' dizia meu pai, disse que estava tudo bem e que não havia com o que se preocupar.

Os próximos dias foram de muita tensão, o alarme da escola da Toyota tocava quase todos os dias com os pequenos abalos que insistiam em vir, descíamos desesperados as escadas dos quatro andares.
Muitos produtos começaram a ficar em falta nos mercados e farmácias. As pessoas, assustadas, compravam água em grande quantidade, acabando assim com o estoque dos estabelecimentos. Produtos que eram trazidos da região de Tohoku começaram a deixar de serem entregues aos mercados, devido a radioatividade que vazou da usina nuclear de Fukushima.

Durante uma semana nenhum canal de televisão passou alguma programação a não ser sobre o terremoto. Todas as emissoras transmitiam notícias sobre a região atingida, mostrando informações de desaparecidos, áreas de refúgios, contatos para arrecadação de fundos às vítimas, etc..

O Terremoto foi de magnitude 9 com epicentro no Oceano Pacífico a 130 km da península do Japão. O sismo provocou ondas de tsunami de10 metros de altura, atingindo e destruindo boa parte da província de Miyagi. Foram aproximadamente 15.000 mortos  e cerca de 3.000 pessoas desaparecidas.

A disciplina e organização da cultura japonesa mostraram-se mais uma vez ser eficaz. Em pouco tempo após o terremoto podíamos ver a remoção dos entulhos e os reparos das construções sendo executado, algo que certamente demoraria muito tempo em qualquer outro país.


















Esta é a imagem que mais surpreende, em apenas seis dias a rodovia estava restaurada

Algo que pude perceber durante o desastre é que o Japão nunca esteve sozinho. Todos os países, independente de cultura, religião ou nacionalidade, estiveram presentes apoiando essa difícil fase do Japão.

Que as feridas deixadas por esse dia sejam cicatrizadas, e que aqueles que nos deixaram nunca sejam esquecidos.

Outras imagens




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